O participante Daniel Nathan Rodrigues de Belo Horizonte elaborou a questão: Existe uma forma de substituir a APF de forma eficiente por UST?
Em 29 / 06 / 2021, a FATTO realizou o Webinar – O fim da UST?: Acórdão 1508/2020 – TCU Chamar esforço de resultado não o torna resultado. Nessa oportunidade, eu e Guilherme Simões trocamos ideias sobre o assunto e houve uma expressiva participação do público.
Dedicamos 15 minutos a atender às questões do público. E acabaram não sendo suficientes. Portanto, aproveito este espaço para fazer isso.
Substituir a APF ao contar elementos concretos da implementação
Inicialmente, a resposta mais direta para “Existe uma forma de substituir a APF de forma eficiente por UST?” é considerar objetos concretos ao invés dos Componentes Funcionais Básicos (BFC) de medição previstos pela ISO 14143 para qualquer padrão ISO de Medição do Tamanho Funcional de software.
Por exemplo, A Análise de Pontos de Função (APF) do Grupo Internacional de Usuários de Pontos de Função (IFPUG) tem como BFC os 05 tipos de função e o método do Consórcio Internacional de Medição de Software em Geral (COSMIC), os 04 tipos de movimentos de dados.
Um exemplo na Agência Nacional de Águas
De forma bem simples a alternativa é: Contar telas, relatórios, formulários, etc.
Em seguida, gostaria de apresentar um exemplo prático a partir do Edital de Pregão Eletrônico Nº 12/ANA/2019 – Processo Nº 02501.005714/2018-26 da Agência Nacional de Águas.
Ele considera objetos concretos da implementação em seu catálogo de UST.
- 072 UST – Desenvolvimento de relatórios – nível 1: até 1 tipo de registro e sem agrupamentos;
- 108 UST – Desenvolvimento de relatórios – nível 2: Mais do que um tipo de registro ou com agrupamento;
- 048 UST – Implementação de gráfico em Painel de Monitoramento;
- 048 UST – Desenvolvimento de serviço em padrão SOA/REST (quantidade de UST por tipo de registro de origem interna);
- 120 UST – Desenvolvimento de serviço em padrão SOA/REST (quantidade de UST por tipo de registro de origem externa).
O declínio e queda da medição: A jornada do resultado ao esforço
Não é meu objetivo analisar o termo de referência. Mas quem tiver curiosidade verá que além das UST medidas pela implementação dos itens no exemplo, há medição para a atividade de especificação de requisitos que os originou.
Ou seja, o desenvolvimento interno ou as atividades do processo é a base desse tipo de medição. E não apenas os resultados entregues.
Pela minha experiência, sempre que a base da medição são elementos concretos da implementação, a ela se associa apenas o trabalho de implementação. Outrossim, atividades anteriores à implementação passam a basear outras medições complementares. Por conseguinte, a medição deixa de ser do resultado e passa a ser do processo interno.
O que se perde ao economizar com os 1% da medição
Economizar 50% pode parecer muito em termos relativos, mas em termos absolutos é muito pouco. Portanto, toda economia com a medição é marginal. Se desenvolver custa R$ 1.000,00 / PF, a medição custa 100 x menos.
Uma degradação de 1% no desempenho global do desenvolvimento já pagaria TODO o investimento em medição que poderia evitá-lo
O grande mérito da APF, em minha opinião, é permitir medir a SOLUÇÃO e não apenas a programação. Um modelo como o exemplificado, considera a medição em um nível próximo à programação; com o nível de informação típico desse estágio no desenvolvimento.
Tempo é tudo
Portanto, eu só conheço quais serão esses serviços, relatórios e gráficos como objetos implementados em determinada tecnologia. Eles ainda são desconhecidos em momentos iniciais do desenvolvimento. Ainda mais desconhecidas, são as atividades necessárias para sua entrega e em qual grau se empregam. Mas o mais importante: Quem tem o controle sobre ambos os casos é o desenvolvedor.
Conclusão
Com o uso de métricas funcionais, eu me volto para a intercessão entre o software com o fluxo operacional e a única pessoa que pode definir esse fluxo operacional e aceitar a sua intercessão com o software é o cliente; não o desenvolvedor.
Vejo vários problema de desempenho em empresas privadas sendo resolvidos ao deslocar a medição de uma perspectiva da Rebinboca da Parafuseta para uma perspectiva do negócio.
Sobre o custo da medição, como disse, eu o vejo como marginal em comparação aos custos globais de desenvolvimento. E ainda assim poderiam ser reduzidos: Para quê uma contagem detalhada se uma contagem estimada do produto final já promove os objetivos citados?
Se tiver oportunidade, dê uma lida aqui neste artigo: