Quando se fala estimar APF para criação de documentos, estamos falando em estimar o esforço ou custo para o desempenho dessas atividades a partir de uma medição, ou aproximação, de tamanho do software usando a APF. Afinal, APF não mede atividades como a criação de documentos; APF mede o produto em termos de seus requisitos funcionais.
As especificações de requisitos, fruto das atividades de levantamento e análise das necessidades do usuário e o seu desenvolvimento em requisitos do produto, os planos de testes, assim como todos os outros documentos e produtos de software não são necessariamente medidos pela APF. A APF se limita a medir o escopo do produto a partir de documentos, entrevistas ou outras representações dos requisitos funcionais de software.
Portanto, a resposta sobre como estimar APF para criação de documentos é “não há como”, porque seria como perguntar como estimar metros quadrados para a criação de uma planta baixa de arquitetura. No entanto, podemos mudar a pergunta para aquela que tenha uma resposta: Como estimar o esforço ou custo para criação de documentos.
A medição ou a aproximação do tamanho em pontos de função representa em um número a quantidade de funcionalidade, que um produto de software oferece ao usuário (ou virá a oferecer); mede uma dimensão do produto de software independentemente da estratégia de desenvolvimento utilizado: Cascata, Processo Unificado da IBM, SCRUM ou Crazy Horse.
O vínculo entre essa estratégia de desenvolvimento, e os documentos e outros produtos de software derivados conforme a estratégia de desenvolvimento escolhida, com a medição em pontos de função é feito por meio de métricas derivadas do relacionamento da medição em pontos de função com outras dimensões de interesse como o esforço, o custo, ou prazo.
Por exemplo, quando se destrincha o escopo de atividades, atento que não me refiro ao escopo do produto, é possível obter uma visão sobre como o esforço total é subdividido em termos de alguma estrutura analítica. Por exemplo, se tomarmos o Gartner como referência teremos a seguinte distribuição e estrutura:
Se a referência de produtividade para 100% do ciclo de vida é de, digamos, 8 Horas-homem / Ponto de Função e o escopo em análise (da release, do produto, do projeto) é de 100 PF, então a estimativa global para o projeto é de 800 Horas-homem. O esforço de teste de sistema corresponde a 13% desse total, então a estimativa para essa atividade é de 104 horas.
Fica o alerta de que quanto mais granular é a o objeto da estimativa, menos valor pontualmente ele tem.
Ao estimar com pontos de função estamos trabalhando com tendências de centro, com médias e projeções de médias. E todos sabemos o cuidado que temos que ter com médias. Eu posso afirmar que um a cada dois homens com mais de 70 anos será acometido por câncer de próstata; mas não posso afirmar, se entre nós dois, um de nós será ou mesmo se os dois serão.
Usar APF para microgerenciamento é uma má prática. Melhor nem estimar um trabalho de 8 horas! Usar métodos baseados em médias e projeções de médias em uma granularidade muito fina apenas contribui para a diminuição da produtividade, porque o trabalho tende a ocupar todo o espaço disponível; o estudante deixa para estudar na véspera da prova, não importa quão distante seja a prova.